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Até a década de 90 não havia muita preocupação das instituições de ensino superior particulares com captação e retenção de alunos. Eram poucas instituições com um número pequeno de vagas ofertadas, se compararmos com o que temos atualmente. A procura era muito maior do que a oferta, deixando as instituições numa situação confortável de mercado.

O aumento do número de IES, cursos e vagas no Brasil, a partir de 1998, na gestão de Paulo Renato no Ministério da Educação, levou a uma maior concorrência no ensino superior particular e consequentemente a necessidade das instituições de ensino em captar e reter os alunos. A formação de grandes grupos educacionais desenvolveu uma gestão mais profissional, aumentando ainda mais a concorrência no mercado de ensino superior e o foco em captação e retenção.

Muitas instituições atualmente tomam medidas de controle e intervenção para aumentar a retenção de alunos, mas são poucas que associam a retenção com o sucesso acadêmico e profissional. Mesmo hoje, a medida da maioria das instituições e profissionais da educação para o sucesso do aluno é o seu coeficiente. O bom aluno é o que é aprovado com boa nota e reprovação é sinônimo de insucesso.
Se considerarmos o perfil do profissional procurado pelas empresas, a ênfase tem que estar nas competências e habilidades, na capacidade de criação e inovação, na proatividade e nas condições de empreender e buscar o conhecimento.

A medida do sucesso do aluno deve ser a sua persistência e engajamento. O aluno de sucesso é aquele que acredita no seu potencial, que busca aprender, tem consciência de sua responsabilidade, tem propósito de vida, sabe planejar, tem sonhos e metas na vida acadêmica e profissional. Muitos alunos entram no ensino superior sem ter ideia do que precisam para ter sucesso. Carregam os vícios que tinham no ensino médio e continuam a praticá-los na graduação: são faltosos, colam, se preocupam apenas com notas, não se esforçam e não cuidam da sua carreira.

Se buscar o sucesso dos alunos aumenta a retenção, o que as instituições podem fazer para incentivar esse sucesso? São diversas estratégias que as IES podem adotar para investir no sucesso de seu aluno, visando à continuidade dos seus estudos e o êxito acadêmico e profissional. Neste artigo, destacaremos três estratégias, que podem contribuir para ajudar o aluno.

1. Apoio acadêmico

Chamamos de apoio acadêmico todas as medidas que diretores e coordenadores podem tomar para apoiar aos alunos em seu desenvolvimento, que levam os alunos a se sentirem bem, sabendo que tem pessoas interessadas em apoiá-los.

Uma dessas medidas são cursos e palestras de orientação acadêmica para ingressantes sobre como estudar, a importância do esforço para os estudos, o funcionamento e organização da IES e diversos outros temas que podem minimizar as dúvidas dos alunos e ajudá-los a ter um melhor desempenho acadêmico. Essas palestras podem integrar um seminário, na primeira semana de aula, facilitando a adaptação, transição e integração. O maior nível de evasão no ensino superior acontece nos dois primeiros semestres, sendo o período que os alunos mais precisam de atenção.
Outra medida de apoio acadêmico é o aconselhamento, que geralmente é realizado nas instituições por um psicólogo ou psicopedagogo. O aconselhamento deve estar disponível aos alunos em local estratégico, bem divulgado, para que eles saibam que podem contar com um profissional qualificado para orientá-los quanto a problemas acadêmicos e pessoais. O aconselhamento também deve ser proativo. Os coordenadores devem levantar junto aos professores os nomes de alunos que precisam de ajuda e encaminhá-los para o profissional de aconselhamento.

Outra estratégia de apoio aos alunos é a tutoria. A IES pode definir professores, que tenham bom relacionamento com os alunos, para trabalhar com eles, orientando-os sobre aspectos da vida acadêmica e profissional.

2. Planejamento de carreira

Além de aconselhamento e tutoria, a IES deve investir em programas de planejamento de carreira para os alunos. O aluno que tem convicção do que quer, com objetivos e metas de carreira traçados, é persistente e engajado na vida acadêmica. A instituição pode promover palestras e cursos de orientação profissional, empreendedorismo, inovação e diversos outros temas ligados à vida profissional e empresarial do curso, bem como testemunhos de empresários, de profissionais de sucesso e de ex-alunos. A IES também pode contratar um profissional para dar orientação e fazer acompanhamento de carreira para os alunos. Além disso, núcleos de empreendedorismo, inovação e startups podem ser criados na faculdade para aproximar os alunos do mercado.

3. Foco na aprendizagem do aluno

Outra estratégia para apoiar o sucesso dos alunos é tirar o foco na reprovação e coloca-lo na aprendizagem. O aluno pode evadir porque a sua expectativa em relação à qualidade acadêmica não foi atendida ou porque não conseguiu aprovação em uma ou mais disciplinas.
Há uma nítida relação entre qualidade de ensino, melhoria na aprendizagem e persistência dos alunos. A primeira prioridade da instituição deve ser a melhoria constante do processo de ensino e aprendizagem. É preciso investir no professor através de capacitação, avaliação, acompanhamento e recompensa. É importante investir em metodologias ativas, diminuindo o foco no ensino e envolvendo os alunos no processo de aprendizagem.