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Amostra com instituições de diversos estados mostra que o trabalho de planejamento pedagógico é priorizado. Já o trabalho comercial, ainda está em segundo plano para muitas delas. Além disso, guerra de preços preocupa.

 

As escolas cristãs, há muito tempo, exercem um papel importante na sociedade pela ênfase em uma educação por princípios, contribuindo para a formação moral e espiritual de seus alunos.

No Brasil, as primeiras escolas cristãs foram organizadas principalmente pelos missionários enviados para cá. Surgiram escolas batistas, luteranas, metodistas e presbiterianas que cresceram, muitas se tornaram centenárias e se consolidaram. Outras, principalmente por problemas de gestão, fecharam ou diminuíram de tamanho.

Mais recentemente, surgiram escolas organizadas por igrejas locais e por educadores cristãos. Hoje, contamos com mais de mil escolas confessionais de matriz evangélica em nosso país.

Ainda assim, pesquisas com foco nesse grupo educacional são raras ou inexistentes. Por isso, a Prospecta Educacional realizou uma pesquisa própria sobre algumas questões ligadas ao marketing, educação e gestão dessas escolas.

No total, 92 escolas responderam à pesquisa da Prospecta no primeiro trimestre de 2020 – uma amostra equivalente a quase 10% do universo das escolas cristãs brasileiras. A pesquisa foi aplicada em formulário digital enviado a gestores educacionais de todos país.

 

Planejamento pedagógico e capacitação

Pela pesquisa, observamos que as escolas cristãs demonstram preocupação com o planejamento pedagógico. Na amostra, 93% das escolas responderam que realizam um planejamento pedagógico anual.

O índice das escolas que investem em capacitação de seus professores também é alto, na faixa de 95%. Por outro lado, nem metade das escolas promovem capacitações mais que duas vezes por semestre.

 

Marketing

Quando entramos na área de marketing e comercial, por sua vez, já cai bem o índice das escolas que preparam um planejamento. Apesar de 2/3 se preocuparem em planejar a captação de alunos, praticamente um 1/3 não tem essa prática.

Cada vez mais, as mídias sociais estão sendo utilizadas. Quase todas as escolas na pesquisa utilizam o Instagram, Facebook e Youtube. Apesar disso, 43% das escolas disseram que não atualizam as suas mídias sociais semanalmente e 20% atualizam apenas de vez em quando. O índice de escolas que dizem fazer anúncios patrocinados (pagos) nas redes sociais é de 65%.

Um caso que chama a atenção é que as escolas utilizam pouco o e-mail marketing para se comunicar: apenas 28 das 92 desta amostra.

Muito embora esta pesquisa tenha sido realizada antes da pandemia, fato que turbinou o crescimento do marketing digital das escolas, as mídias tradicionais já estavam perdendo terreno. Neste caso, não somente devido ao avanço das mídias digitais, mas também pelo alto valor das mídias off-line. Alguns números da pesquisa: 42% utilizam outdoor em suas divulgações, 54% utilizam impressos, 24% utilizam busdoor e 14% utilizam rádio.

Quanto ao uso do site, a resposta é preocupante: 40% das escolas responderam que não possuem uma página na internet atualizada, mesmo sabendo que é a vitrine digital da escola.

Além disso, usam poucas ferramentas que podem auxiliar na captação de alunos em seus sites. Apenas 10% nesta amostra possuem um blog ou um formulário para preenchimento dos interessados em conhecer a escola.

Os outros dados também não são muito animadores, como o fato da maioria dos sites (60%) não serem responsivos a dispositivos móveis ou de terem opção de contato via WhatsApp (72%). “Tudo isso demonstra como a maioria das escolas não aproveitam bem o site para o processo de captação de alunos”, ressaltou o publicitário e consultor da Prospecta Leonardo Oliveira.

Em mecanismos de busca na internet, como o Google, os sites das escolas cristãs também estão mal ranqueados: apenas 21% confirmaram que o seu site aparece na primeira página das pesquisas. A má notícia é que isso impacta não só na busca pela página da escola, mas gera, também, imagem de que a escola é pouco relevante.

No que diz respeito à criação de listas para captação de alunos, apenas 44% das escolas têm essa prática. O índice de respostas negativas a essa questão significa que mais da metade das escolas ainda não compreenderam a importância do trabalho comercial para captação de alunos.

 

Parceria com igrejas

Das 92 escolas da pesquisa, 53 delas buscam parcerias com igrejas. Contudo, essa é uma questão que se esperava um índice maior.

Para o publicitário e consultor da Prospecta, um dos fatores que explica esse dado é a falta de retorno positivo desse tipo de ação, que possivelmente foi ocasionado pela dificuldade em firmar uma parceria que não seja baseada apenas em descontos e bolsas.

Em teoria, a parceria com as igrejas ainda é uma fonte interessante para captação de alunos, considerando que ali estão um público de potenciais alunos para as escolas cristãs. “O relacionamento criativo entre escolas e igrejas deve acontecer o ano todo, não só em época de matrículas”, ressalta Leonardo.

 

Busca por diferenciais

Outra questão abordada na pesquisa foi referente aos serviços adicionais que as escolas oferecem aos alunos e pais. O serviço mais comum é o programa socioemocional, o que indica uma relação entre o caráter cristão das escolas e o reforço de valores por meio do programa.

A agenda digital vem em segundo lugar, pois é uma ferramenta de comunicação bastante utilizada e que geralmente tem um custo menor do que outros serviços.

Já 45% das escolas utilizam a robótica como serviço e diferencial. Assim como o ensino bilíngue está sendo utilizado por 39% das escolas. Isso significa que as escolas cristãs têm caminhado no sentido de atualização e diversificação de ferramentas de aprendizagem, serviços e diferenciais.

 

Gestão Educacional

A inadimplência é um grande problema enfrentado pelas nossas escolas, conforme aponta a pesquisa. É bom pontuar que esta foi realizada antes da pandemia, quando a inadimplência era muito menor. Vimos que 51% das escolas possuiam uma inadimplência acima de 10%.

Ainda na linha da gestão, perguntamos também quais são os principais problemas enfrentados pelas escolas. Os dois principais problemas levantados dizem respeito aos seus concorrentes. Um problema está relacionado à guerra de preços, que prejudicam as escolas em relação a preços mais baixos, e o outro está relacionado a escolas que possuem uma infraestrutura melhor do que as nossas escolas cristãs.

Outros problemas que desafiam nossas escolas apontados nesta pesquisa:  impostos (37%), dificuldade em captar alunos (30%), falta de recursos para investimentos (27%) e a legislação (15%).

Em relação ao número de alunos, a pesquisa apontou que 46% das escolas cristãs têm até 300 alunos, 28% possuem até 600 alunos, enquanto 20% mais de 600 alunos e 06% não responderam.

Revista Veredas Educacionais – agosto / 2020