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O delicado momento que a pandemia do coronavírus impõe à saúde e à economia mundial é algo que não assistimos desde a gripe espanhola em 1918. Por razões sanitárias, as escolas foram fechadas em meados de março e no mês de abril na maioria  dos estados. No Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha prorrogou o fechamento das escolas até 31 de maio, sinalizando ao mercado um quadro ainda mais preocupante.

No início de abril, o governo federal dispensou as escolas de cumprirem os 200 dias de aulas presenciais em 2020. Mesmo assim, as famílias questionam as escolas, querendo inclusive abatimento em mensalidades. No Rio de Janeiro, há um projeto na ALERJ para redução em 30% destas.

Em meio a esse cenário de dúvidas e incertezas, os gestores educacionais precisam navegar nessas águas turbulentas e desconhecidas, aguardando as “cenas do próximo capitulo” do Covid-19. Mais que isso, muitos precisam se adaptar rapidamente para a realidade do ensino a distância e remoto, antes visto como acessório pelas  escolas e que agora passa a ser fundamental para sua sobrevivência.

 

TECNOLOGIA
Esse momento de contingência requer que as escolas utilizem de tecnologia para o envio de conteúdos e atividades para os seus alunos. O Prof. Rogério Scheidegger, mestre em administração e consultor educacional, explicou que muitas instituições já possuíam plataformas educacionais com essas funcionalidades, enquanto outras estão improvisando – incluindo download de arquivos nos seus sites e gravando vídeos caseiros com postagem em redes sociais.

Para Scheidegger, o mercado oferece inúmeras soluções confiáveis para ensino a distância, algumas gratuitas, mas todas dependem do envolvimento dos professores, que, na grande parte das vezes, não estão preparados para esse uso.
“Sem dúvida esse é o maior desafio das escolas quanto à utilização da tecnologia para o processo de ensino e  aprendizagem. Ainda há uma parcela considerável de professores que resistem a esse uso nas aulas”, constata Rogério Scheidegger.

Rogério afirma que, para ajudar os professores a vencerem a barreira da tecnologia, as escolas precisam orientar e oferecer ferramentas aos seus docentes. É possível escolher professores monitores, isto é, aqueles que dominam a tecnologia para ajudar os outros. Rogério indica que há inúmeros conteúdos, tutoriais e vídeos disponíveis em sites, plataformas abertas e no YouTube para serem usados em aulas a distância.

Segundo ele, os gestores podem, ainda, investir em uma solução definitiva. “Existem plataformas EaD com baixo custo de investimento disponíveis no mercado. Elas estão preparadas para upload de aulas gravadas, apresentação de aulas ao vivo, além de fóruns, envio de materiais e avaliações”, conta Scheidegger.

 

COMITÊ
O gestor educacional precisa tomar diversas decisões novas nesse momento. É preciso ficar atento às oportunidades relacionadas às áreas fiscal, trabalhista e de financiamentos divulgadas pelo governo. Além disso, é preciso orientar as famílias e fazer acompanhamento pedagógico nesse novo contexto em que não sabemos quando as aulas presenciais
poderão ser retomadas.

Como há diversas frentes para atuar, o gestor educacional deve criar um comitê ou grupo de trabalho para acompanhar a crise e propor soluções rápidas. “O grupo pode ser formado por um funcionário administrativo, um coordenador pedagógico, um gestor financeiro e pode ser aumentado conforme o tamanho da escola. Além disso, pode-se incluir um profissional da área da saúde e um pastor como voluntários no grupo”, enumerou.

 

FAMÍLIAS
Para o consultor e especialista em marketing educacional, Leonardo Oliveira, nesse processo, é importante a escola produzir um material de orientação para as famílias. “Não adianta utilizar tecnologia, selecionar conteúdos e preparar atividades que não serão utilizadas. Por isso, a informação e orientação aos pais é fundamental” explicou Leonardo.

“É preciso ter paciência e responder aos questionamentos e dúvidas, naturais nesse momento. Mais do que nunca devemos revelar o nosso caráter como escolas cristãs, oferecendo um atendimento humanizado e suporte espiritual, pois muitos estão aflitos nesse momento”, afirmou.

De acordo com Leonardo, aqueles que estiverem indagando a respeito de descontos das mensalidades pela interrupção
das aulas presenciais, é preciso explicar, individualmente, que o contrato é uma anuidade, que há um trabalho de educação a distância em desenvolvimento e que o ano letivo será cumprido.

Ele ainda destaca que todos devem ser respondidos de forma pessoal, seja por meios digitais, telefone ou presencialmente, evitando comunicados abertos que despertem ainda mais questionamentos de outros pais.

 

COMUNICAÇÃO
“Sem dúvida, uma comunicação de qualidade é um dos principais remédios para atenuar os efeitos dessa crise nas nossas escolas”, afirma Leonardo. Para isso, as redes sociais são ferramentas estratégicas, se bem trabalhadas.

Conforme defendido por Leonardo, os informativos referentes à prevenção ao COVID-19 já estão bem divulgados. É tempo de falar de temas positivos e produtivos, como orientação para o estudo em casa, como aproveitar o tempo em família, além de passar mensagens de otimismo e fé.

“Evitar expressões como crise ou calamidade em seus comunicados. Devemos ser criativos e promover ações que gerem união, como convidar os alunos a postarem fotos das atividades em casa e fazer desafios para serem respondidos na internet”, incentiva Leonardo. “Além disso, orientar bem como fazer as tarefas em casa”, conclui.

Em caso de críticas em comentários nas redes sociais da escola, Leonardo orienta a nunca apagar, mas responder com atenção e sobriedade, levando a conversa para o privado. “Os gestores também devem reservar um tempo para pensar na campanha de matrículas 2021, uma vez que com o retorno das aulas, nessa condição especial que vivemos, haverá pouco tempo para trabalhar nisso. Sem falar que o final do ano será esticado, afetando o processo de matrículas 2021”, alerta o consultor.

 

APRENDIZADO
Tanto Rogério quanto Leonardo acreditam que há um grande aprendizado a vivenciar, apesar da situação tão difícil para as nossas escolas. A maior delas é que precisamos aprimorar cada vez as tecnologias, de aprendizagem e de comunicação, com nossos alunos, pais e professores.

Os consultores também ressaltaram a importância em relação ao papel dos gestores, que precisarão, mais do que nunca, exercer uma liderança dinâmica, que passe tranquilidade e que revele a confiança no Senhor.

 

Revista Veredas Educacionais – abril / 2020