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Durante o período de matrículas, planejamos e sonhamos como serão as coisas no novo ano. Em 2020, porém, as coisas não aconteceram do jeito que havíamos planejado. Por esse motivo, surge uma dúvida angustiante: como definir a estratégia para o próximo ano se ainda não conseguirmos ter uma visão clara de como será a finalização deste ano?

Como gestores de organizações educacionais, temos atribuições que não podem ser delegadas. Podemos contar com a colaboração competente de nossos ajudadores, mas não podemos nos omitir em assumir a responsabilidade pela gestão estratégica das nossas escolas.

Desafios

Muitos objetivos e ações descritos no nosso planejamento no ano anterior já não fazem sentido no mundo de hoje. Por isso, nos sentimos impulsionados a buscar mais e mais informações que possam dar suporte às nossas decisões. E quando estamos seguros do caminho a tomar, um novo decreto, uma nova medida provisória, uma orientação governamental nos colocam de volta no ponto de partida.

Os conhecimentos que adquirimos de gestão ao longo dos anos, nas escolas de administração e nas vivências diárias, parecem não se aplicar diretamente ao momento. Surge a sensação de estarmos vivendo numa realidade paralela. Nossa rotina diária e pessoal mudou. Não temos mais o ambiente alegre e barulhento das crianças em recreio a nos inspirar novas ideias.

Razão x emoção

Fazer a gestão de uma organização privada de educação reúne os desafios que todo diretor de escola tem com os desafios de ser empresário. Desta maneira, somando tudo isso, estamos embarcados numa montanha russa emocional. E é nesse ponto que queremos conversar com você.

Por vezes, aprendemos que as boas decisões estratégicas deveriam ser tomadas exclusivamente do campo racional. Nos ensinaram que somente a razão nos conduziria a bons resultados e que as emoções deveriam ficar lá num cantinho, sem incomodar, enquanto a razão se ocupa em fazer decisões.

Todavia, as pesquisas mais recentes no campo da administração começaram a admitir que sim, as emoções fazem parte do processo decisório, assim como a razão. Assim como não podemos decidir sem a razão, não podemos decidir sem nossas emoções.

Indivíduos que, por acidente ou doença, perderam a capacidade de se emocionar, perderam também a capacidade de tomar decisões. As emoções fazem parte de nossas decisões. As organizações são constituídas por decisões que foram tomadas permeadas por emoções.

Gestão das emoções

Contudo, por não saber o que fazer com nossas emoções durante o processo estratégico, por vezes as negamos, minimizamos ou mascaramos a um custo pessoal e de saúde imensos. Mas, a boa notícia é de que nós temos a capacidade de regular nossas emoções de modo que possamos potencializar os melhores resultados para nossas organizações.

Nossas emoções fazem parte dessa estrutura fantástica que Deus criou que é o ser humano. Elas fazem parte de nós. As emoções estão presentes na nossa vida diária, e na gestão de nossas escolas.

Admitir a presença das emoções na tão racionalizada gestão estratégica é permitir que elas possam ser reguladas. Não só a razão, não só as emoções. Não só o financeiro, nem só o coração.

Há, debaixo dos céus, tempo de admitir e de demitir. Tempo de assinar matrículas e tempo de assinar transferências. Tempo de crescer e tempo de poupar todas as energias para manter os órgãos vitais em funcionamento. Tempo de risadas e tempo de silêncio. Tempo de escola cheia, e tempo de escola vazia. Tempos difíceis. Mas sempre tempo de esperança.

 

Texto inédito para Revista Veredas Educacionais – 16/09/2020

Dra. Raquel Momm
Doutora e Mestre em Administração (UFPR)
MBA em Gestão de Organizações Educacionais
Psicóloga (UFPR)
Bacharel em Teologia
Fundadora e Diretora do Centro Educacional Evangélico (Curitiba)

 

Revista Veredas Educacionais – outubro/ 2020